29 de jan. de 2009

Do tipo que só acontece em Brasília

Então, quarta-feira, começo do ano, tudo de bom.

Bom, quase tudo.

Estava indo à academia ontem, feliz da vida acreditem, quando ao passar do outro lado da avenida que dá acesso a academia vejo uma fila de uns 30 carros. Uma não, duas. A outra tinha uns 10 carros. Pensei comigo, lá vão os "candangos" querendo se enfiar todos na mesma vaga do estacionamento (como sempre) - a mais perto da Porta do Pier.

Bom, tudo bem pensei comigo. Vou para o outro lado como faço sempre e acho o meu lugarzinho. Antes tivesse sido assim. Fui lá no final do estacionamento e não achei nada. Nadinha.

Acabei parando na frente da entrada o ASES e fiquei feliz porque achei que poderia passar ali por dentro e pegar um atalho para academia (que é do clube). Não rolou.

No caminho até a academia fui tentando listar os possíveis motivos de tanto carro:

1) Dia mais barato do cinema
2) Bazar com roupas de marca
3) Falta de espaço e muita gente
4) Todas as alternativas somadas a falta de mais opções de cinema.

Acho que já me enchi dessa cidade de interior com ares de cidade grande... tá na hora mesmo de fazer as malas e respirar novos ares.

23 de jan. de 2009

Receita de Ano Novo

O mês está quase acabando e eu quase perdi a chance de deixar aqui um poema de Carlos Drummond de Andrade que eu tomei conhecimento da existência ao ir jantar no começo do mês num restaurante.

Segue a transcrição e o meu mais sincerto voto a todos.


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).

Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.